Já passava das oito da noite. O cenário era o parque de estacionamento do Retail Park de Eiras, perto do Espaço Casa, mas bem que podia ser a margem de um rio de água cristalina na altura do pôr do sol. O cenário não era este mas para nós era o que quiséssemos, inclusive esse pôr do sol.
Cheguei mais cedo (estaria doente?) e esperava por ti. Não aparecias e mandei mensagem a marcar presença. Olhava para tudo o que era lado imaginando quem poderias ser, mas nenhum sinal suspeito. Saí do carro e pus-me de pé (qual farol da Barra!) a sinalizar a minha presença. O friozinho na barriga aumentava na altura em que virei as costas e apareceste tu. Uma menina, bonita, de sorriso largo e de fino recorte. "Era preciso vires tão arranjado?". "Sou assim", disse eu, enquanto olhava para a tua graciosidade.
Em pouco tempo estavas no banco do passageiro do meu carro e íamos jantar fora. O meu coração estava feliz e não sabia a razão, apenas sabia que estava assim: feliz. Estacionei o carro e já quando estava a sair, mandaste-me parar. Mesmo que não quisesse, fiquei imobilizado com a delicadeza do teu toque. Que pele tão fina e macia! Que doce toque! Abriste-me o livro da tua pele e abriste-me o livro Maktub, fazendo-me parar, pensar e escolher um dos seus textos. A mensagem era bem clara: rasgar o passado e incluir um novo futuro. Curioso, não?
Jantar com Dourada Escalada para ti e Grelhada Mista para mim, ou não fossemos cada um e à sua maneira um Bom Garfo. Abertura do livro da tua vida para mim e a minha apreciação pelo momento. O deslumbre era tanto que nem sei se escutei tudo. Sou assim, distraído, mas por boas razões. Pelo meio o meu tom tão elogioso como sincero, reflectido nas maçãs do teu rosto. E como ficas tão bonita rosadinha!
A noite não acabava aqui. Teríamos que registar o momento e nada melhor que numa boa Galeria. Mais uma página do teu livro, mais umas linhas esquecidas. A luz era demasiada para ler tudo. Até que chega a hora de apagar o candeeiro. A luz a desvanecer-se no fundo dos meus pensamentos deixavam-me cada vez mais sombrio e notaste-o no brilho dos meus olhos. Teríamo-nos que despedir no local de partida e o meu beijo tímido foi impedido por um abraço desejado. O teu desejo que era nosso! A tua iniciativa que me encantou e encanta, todos os dias. O teu lado pragmático que precisava, tal como Philippe precisava de Driss em Amigos Improváveis. O abraço que fica para a eternidade, na presença ou na distância. Porque tal como no início, algo me unia e fazia-me feliz contigo, sem saber porquê, talvez porque há abraços que unem invisivelmente.
Fim da primeira página. O resto é um livro em aberto e escrito a dois com muitas páginas ainda em branco.
LY
Navegador G.
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